segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Previsão do tempo

A pouco mais de uma semana estava um sol, sabe aquele sol? Então esse sol. Pessoas correndo de um lado para o outro, pressa, suor, fumaça, tumulto, "vai uma água aí moça? água 2 real". Caminhei, segui com passos apressados, pois estava atrasada, mais uma vez. Pelo mesmo caminho, que me faz pensar quase sempre "porque meus olhos não tiram fotos?".

Família? Sim, uma grande família, seres humanos, sujeitos, indivíduos, cidadãos, [...] encontram-se ali, compondo a grande "paisagem urbana" no fim da tarde. Algum deles banhavam-se com pequenas vasilhas, outros cozinhavam em latas, dormiam, davam comida ao cachorro, conversavam, fumavam, namoravam, andavam de bicicleta, skate, comiam, liam...

A beira de uma rua bem movimentada, em um caminho para passagem de muitos e estadia de alguns. E isso tudo no centro de uma grande cidade, abaixo um estacionamento subterrâneo, acima um céu azul muito limpo, ao lado uma empresa de transporte, a minha vista e de quem mais quisesse ver. Quisesse sim, pois transeuntes passam aos montes, e discursos proclamam de que nunca presenciaram isso ou aquilo. "Sério? Isso aqui, nunca vi, sério mesmo? Passo aqui todos os dias...".


Rafaela Tavares Fontes

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Classe Média



Vídeo que fiz a partir da letra da música "Classe Média", do compositor brasileiro Max Gonzaga.

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida